Abordagem inicial do choque
- Tentar definir o padrão do choque – Distributivo, cardiogênico, obstrutivo, hipovolêmico, misto…
- Tirar o paciente do choque o quanto antes! Após avaliação inicial definir se a estratégia será volume, vasopressor, inotrópicos ou uma combinação dos mesmos
O que é PA pinçada?
- PAS – PAD / PAS: Se < 0,25, tem boa correlação com índice cardíaco baixo
O que procurar no paciente em choque, pensando em IC descompensada
- Sinais de congestão sistêmica: Turgência jugular, refluxo hepatojugular
- Sinais de baixo débito: TEC prolongado, extremidades frias
- Sinais de congestão pulmonar: Estertores (não é obrigatório)
- POCUS
- Avaliar função ventricular (tem disfunção ou não?)
- Sinais de congestão sistêmica: Cava distendida
- Sinais de congestão pulmonar: Linhas B no pulmão
- Se há sinais de congestão (aumento das pressões sistêmicas e pulmonares), volume pode fazer mal
- Se a sua impressão é de choque cardiogênico com congestão pulmonar ou sistêmica, esse paciente não deve receber volume
- A ressuscitação inicial pode ser com noradrenalina, mesmo em acesso periférico
- Solução clássica de noradrenalina:
- 4 ampolas (4x 4mg/4mL = 16mg/16ml) + 234mL de SF0,9%
- Iniciar com 3-5mL/h (pode iniciar com mais a depender do cenário clínico)
- Começar no periférico se não houver central
Dicas sobre dobutamina e baixo débito
- Baixo débito é um débito cardíaco insuficiente para suprir as demandas do organismo
- Fração de ejeção reduzida é um coração com função sistólica reduzida. Não necessariamente este paciente está em baixo débito, pois mesmo com débito reduzido, ele pode estar suficiente para manter as funções orgânicas.
- Frequentemente em pacientes com fração de ejeção reduzida que estão infectados há baixo débito cardíaco
- Em pacientes com IC crônica que agudiza, frequentemente o que ele precisa para sair do choque é aumento do débito cardíaco, e por isso a dobutamina pode resolver
- Em pacientes infectados, ou com choque misto, pode ser necessário um vasopressor para corrigir a hipotensão, em associação com a dobutamina.
- Independentemente se você iniciou dobutamina, noradrenalina ou ambos, sempre reavaliar constantemente, pois a resposta é muito individual de cada cenário clínico
Como identificar baixo débito cardíaco em pacientes normotensos
- Hipotensão não é sinônimo de baixo débito. Normotensão não é sinônimo de débito normal. Mas é claro que quanto mais baixa a PA, maior a probabilidade de baixo débito, e quanto maior a PA, menos a probabilidade de baixo débito.
- Como detectar baixo débito em um paciente normotenso:
- Pele – TEC, pele fria
- Cabeça – Alteração de consciência, sonolência excessiva
- RIns – Ausência de resposta ao diurético
- Sintomas gastrointestinais – Náuseas, vômitos
- Exames laboratoriais
- Gasometria (acidose metabólica, redução do base excess, queda de bicarbonato)
- Lactato aumentado (não é obrigatório, ocorre mais em choque misto e baixo débito muito importante)
- Transaminases
- Podem estar elevadas apenas por congestão, mas em geral tem padrão mais colestático
- Paciente com grandes aumentos de transaminases (ex: > 1000) costuma estar associado com hepatite isquêmica por baixo débito
- Como prescrever a dobutamina
- Sugestão:
- 4 ampolas (4x 250mg/20mL = 1000mg/80mL) em 170mL SF0,9%
- 4mg/mL
- Iniciar em 5mcg/kg/min (em torno de 5mL/h para um paciente de 60kg)
- Sugestão:
- Como avaliar a resposta à dobutamina
- Avaliar sinais de baixo débito
- Aumentou o débito urinário?
- Acordou?
- TEC melhorou?
- Melhorou das náuseas?
- Lactato “lavou”?
- Se o paciente não melhorou, aumenta-se a dobuta. Dose teto é 20mcg/kg/min – TEM QUE CALCULAR.
- Invadir o paciente
- Sonda vesical de demora
- Acesso venoso central para a maioria dos pacientes
- Pressão arterial invasiva para alguns pacientes, principalmente se hipotensão importante
- Dobutamina não é nora
- Ela “sobe rápido” e “desce lenta”.
- Todos os fatores descompensados tem que estar controlados, o paciente tem que estar próximo da euvolemia, e preferencialmente em uso de vasodilatadores (e tolerando) para desmamar a dobuta. Nâo é comum diminuir a dobuta no primeiro dia de uso.
E a furosemida?
- Tem que ser feita nos pacientes hipervolêmicos!
- Em pacientes hipervolêmicos, a furo não vai reduzir a pressão
- Inclusive, ao reduzir a pressão venosa, vai melhorar a perfusão dos órgãos
- Pacientes com IC crônica agudizada frequentemente têm muito volume acumulado. Pacientes com IC “nova” por infarto, às vezes não estão tão congestos. Varia de caso a caso e por isso é importante saber avaliar a volemia e as pressões de enchimento (clínica + POCUS + labs).
- Lembrar que a principal causa de disfunção renal na IC descompensada é congestão renal, e não baixo débito
E a dose da furosemida?
- Depende do paciente! Usa diurético em casa? Tem IC/DRC? Está em baixo débito? Está em edema agudo de pulmão? E por aí vai…
- Existem várias maneiras de se pensar… O importante é avaliar a resposta do paciente. Não urinou? Ajuste a dose.
- É muito importante monitorizar eletrólitos (potássio, magnésio, sódio e cálcio)
VNI
- Ajuda muito em pacientes com IC descompensada e hipervolêmicos!
Descrição do Episódio
Hoje recebi dois grandes amigos – Léo Salis e Rafael Tourinho. São duas referências, ambos cardiologistas do PS do InCor. O Léo é especialista em Coronariopatia Aguda e o Tourinho em Insuficiência Cardíaca Avançada e Transplante Cardíaco. Eles discutem um caso comum do dia-a-dia de Emergências complexas, um choque cardiogênico. Tem MUITA pérola para a prática do dia-a-dia!
Conheça a SIMM Academy, nossa plataforma de casos interativos (casos clínicos, ECG, POCUS e imagem) além de artigos resumidos e cursos focados!
www.simmacademy.com.br
Siga nossas redes!
@emergenciasimm