Ikky e a Epistaxe

Victor Ikky é preceptor da Otorrino do HCFMUSP! Ele com certeza já viu muita epistaxe, e vai te dar todas as dicas possíveis pra você atender melhor esses pacientes no PS!


A SIMM Academy vem aí. Se prepare para algo inédito.

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@emergenciasimm

Abordagem inicial da epistaxe

  • Começar pelo ABCDE – Sempre avaliar proteção de via aérea e sinais vitais
  • Avaliar:
    • Volume aproximado (“sangramento muito importante ou discreto?”)
    • Sangramento ativo ou não? (avaliar saída pelo nariz e oroscopia – pode estar escorrendo por trás)
  • Medidas iniciais para controlar a epistaxe
  • Sempre que disponível – Avaliação do otorrino (em casos mais graves esta avaliação é obrigatória, mesmo que precise de transferência)

Medidas iniciais para controlar a epistaxe

  • Compressa gelada na testa (e, por outro lado, evitar calor)
  • Posicionar o paciente para frente (evitar aspirar ou engolir o sangue – “melhor sujar o lençol do que jogar o sangue para dentro”)
  • Compressão local (a maior parte dos sangramentos é anterior)
  • Evitar esforços

Exames complementares?

  • Necessário se sangramento muito extenso ou se comorbidades relevantes (ex: uso de anticoagulante, coagulopatias, etc)
  • Dificilmente mudam a conduta inicial

Exame físico

  • Rinoscopia anterior, procurar principalmente no septo. Pode ver sangramento ativo ou ectasia vascular. Local mais comumente responsável pelo epistaxe.
  • Oroscopia – Procurar sinais de sangramento ativo “escorrendo” para a cavidade oral

Compressa com solução de adrenalina

  • Cada lugar faz de um jeito!
  • Sugestão do Ikky: 10 ampolas de adrenalina (1mg/ml) e 10ml de lidocaína (o mesmo do anestésico). Solução com concentração final de 500mcg/ml. Bem concentrada! A absorção tópica é baixa, o perigo teórico é o paciente deglutir a solução. Por isso:
  • Molha pequenos algodões nesta solução, tira o excesso, coloca na parte anterior da fossa nasal. Deixa um tempo, tira e coloca outro.
  • Dica para inserir os algodões: Pega uma pinça e insere o algodão no sentido ântero-posterior. Sempre manter o algodão em locais que você consiga retirar depois. A maioria dos sangramentos é anterior, então não precisa colocar o algodão “lá dentro”. Lembrar que a função do algodão com adrenalina não é “tamponar”, mas principalmente entregar a droga vasoconstritora.
  • Do ponto de vista de isquemia local, é seguro realizar esta medida, pois a vascularização do nariz vem de vários lugares.

Tampão anterior

  • Corta um “dedo de luva”
  • Coloca gazes dentro do dedo de luva. Tamanho médio são 2 gazes dobradas.
  • Dependendo do paciente pode ser 2 e ½, 3, etc.
  • Lubrificar o tampão com lidocaína gel. Inserir com pinça no sentido anteroposterior.
  • Sempre manter onde é possível retirá-lo após.
  • Fixar o tampão na parte externa do nariz, para não perder o tampão. Uma possibilidade é fixar uma gaze “em T” na ponta externa do dedo de luva e fixar com micropore na parte externa do nariz.
  • Resolve a maior parte dos sangramentos anteriores
  • Quando passa-se um tampão, você não consegue mais ver se o sangramento está ativo pela fossa nasal. Então, a maneira de ver se ainda há sangramento ativo é a oroscopia
  • Em geral fica 48 horas com o tampão até reavaliação

E aqueles “10% que não respondem”?

  • Fez tampão anterior e continua babando? Pode ser que seja sangramento posterior.
  • Tampão posterior é difícil de fazer, e demanda treinamento, além de ser comumente feito em dupla.
  • Frequentemente é feito com sonda de foley.
  • Tampão posterior é sempre associado a um tampão anterior.
  • Esse paciente necessariamente fica internado

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